domingo, 2 de setembro de 2012

Glória I - Azulejos do segundo quarto do século XVIII - Igreja da Glória

A Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, ou Imperial Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, mais conhecida simplesmente como Igreja da Glória, ergue-se no alto do outeiro da Glória, no bairro de mesmo nome, na cidade do Rio de Janeiro. É considerada uma das jóias da arquitetura colonial brasileira, e um dos mais característicos monumentos da cidade. Dada a sua localização elevada é facilmente visível nos arredores.





O exterior da Igreja da Glória tem um perfil característico, com os dois corpos octogonais precedidos por uma torre quadrangular coroada com uma cúpula de forma acebolada. O primeiro piso da torre tem uma galilé - espaço abobadado - por onde se entra na igreja através de um portal com um medalhão representando a Virgem e o Menino. Este portal e dois outros estão esculpidos em pedra de lioz e foram trazidos de Lisboa na segunda metade do século XVIII.









A Igreja da Glória tem origem numa pequena ermida do século XVII construída em um terreno doado à Irmandade da Glória em 1699 por Cláudio do Amaral Gurgel. Não se sabe exatamente quando começou a construção da igreja, sabendo-se com certeza que foi inaugurada em 1739. Considera-se provável que tenha sido começada nos anos 1730, ainda que alguns acreditam que as obras começaram ainda em 1714. 


Com paredes caiadas, emolduradas por pedras de granito, é uma das primeiras igrejas coloniais brasileiras com planta poligonal em estilo barroco. Os antecedentes lusos destas igrejas são encontrados em Lisboa, como na Igreja do Menino Deus (iniciada em 1711) do arquiteto régio João Antunes. No Brasil colônia, igrejas de planta poligonal foram construídas nessa mesma época também no Recife (Igreja de São Pedro dos Clérigos, iniciada em 1723) e em Salvador (Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, iniciada em 1739). A forma geral da igreja, de dois octógonos com torre na entrada, não tem antecedentes no Brasil nem antecedentes claros em Portugal.

Plantas das igrejas do Outeiro da Glória (RJ),
de São Pedro, em Mariana (MG) e do Rosário dos Pretos, em Ouro Preto (MG).
A tradição oral atribui o projeto ao tenente-coronel e engenheiro-militar português José Cardoso Ramalho, mas não há documentos que confirmem a autoria. A planta da igreja é composta por dois octógonos, o que lhe dá a forma de um "8". Os espaços curvos - especialmente elípticos - são uma forma típica do barroco e estreiam na arquitetura do Rio nesta igreja. Um dos octógonos é ocupado pela nave curva da igreja, enquanto o outro é ocupado pela sacristia. 

O interior da nave transmite uma sensação de monumentalidade, graças às pilastras de cantaria e ao teto abobadado. A igreja tem três altares de feição rococó, datados da transição entre o século XVIII e o XIX. Sobre o arco-cruzeiro da capela-mor se encontra o escudo da Família Imperial Brasileira.





Os painéis de azulejos da nave são do segundo quarto do século XVIII. É um tipo de produção do período joanino (dom João V) entre 1725 e 1750. As partes baixas da nave estão cobertas com magníficos painéis de azulejos brancos-azuis lisboetas, feitos entre 1735 e 1740 na oficina de Mestre Valentim de Almeida, com temas bíblicos, recentemente restaurados. Os demais painéis, com temas profanos, (da capela-mor, da sacristia, dos corredores e do coro alto) são da mesma época, mas de autoria desconhecida. No total, a igreja possui mais de 8.000 azulejos compondo os painéis.












Após sua chegada ao Rio de Janeiro em 1808, a Família Real Portuguesa tomou especial predileção pela Igrejinha da Glória. Na igreja foi batizada em 1819 a primeira filha de D. Pedro I e D. Leopoldina, a princesa Maria da Glória, futura Rainha D. Maria II de Portugal. A partir daí todos os membros da Família Imperial foram batizados na Igreja da Glória, incluindo D. Pedro II e a Princesa Isabel. Em 1839, D. Pedro II outorgou o título de "Imperial" à Irmandade, conhecida, a partir de então, como Imperial Irmandade da Nossa Senhora da Glória do Outeiro.

6 comentários:

  1. Os azulejos são de uma qualidade excepcional.

    Em Barcelos, no distrito de Braga, existe uma igreja com ares de família com esta. É a Igreja do Bom Jesus da Cruz. Experimente o site www.monumentos.pt

    Abraços Lisboetas

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  2. Boa noite, referenciei este artigo numa publicação do meu blog. http://meusanguebrasileiro.blogspot.com.br/2013/04/origens-da-igreja-de-nossa-senhora-da.html > http://bit.ly/1zb7naC
    Abraços.

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  3. https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1456141767769397&set=a.146300245420229.39964.100001207632504&type=3&theater

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  4. Na UFRJ no pólo da Praia Vermelha, há uma pintura de Santa Teresinha do Menino Jesus.A obra e nesse mesmo estilo, será que é o mesmo artista? Visto que, o local era propriedade da família real?

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